quarta-feira, 3 de setembro de 2008

MUDANÇA DE SIGNIFICADO.....


Sempre q o assunto MODA é tratado de forma séria, acho q a humanidade está em evolução...... pesquisando encontrei esse texto no blog http://dusinfernus.wordpress.com/
muito bom!!!! vale a leitura, e a visita ao blog... o texto é de VITOR ANGELO dono do blog, o cara eh fera.....

MODA DE RUA E O LENÇO PALESTINO
A mitificação na moda, ou o que muitos adoram chamar de falta de informação COMPLETA é um problema que todos sofremos na moda - revistas, jornais, sites -, inclusive esse blogueiro. Mas contra isso é importante o estudo, as fontes e o olhar INDEPENDENTE e apurado.
Vendo o GNT Fashion dessa semana, Mariana Weickert faz uma boa matéria sobre os lenços palestinos. Apesar de estarem já pra fora dos esquadros dos fashionistas que os consideram last season - assim como a calça skinny -, o lenço ainda domina as ruas do país, então a pauta tinha muita pertinência. Não só por entrevistar Giselle Nasser que fez um excelente apanhando histórico do acessório, usado na cabeça pelos camponeses da Palestina pra se protegerem do sol e depois como símbolo da luta pela libertação de seu povo, que continua sobre às ordens dos israelenses até hoje. Nem também por escutar Alexandre Herchcovitch que em sua última excelente coleção masculina fez uma releitura desses lenços em forma de bandeiras de países em conflito e o mais fantástico: reinvindicando o uso do lenço pra ele, judeu de formação e religião.Mas o x da questão ou a mistificação foi reinvindicar pra Balenciaga na matéria (coisa que muitos fashionistas já cometeram esse mesmo erro) e sua mais importante coleção de todos os tempos - sob o comando de Ghesquière - na minha opinião (a coleção que mixou etnia e cultura de rua legitimando a etnia não como exotismo exatamente por o estilista francês enxergar o streetwear como algo maior que a moda de rua de Londres ou Nova York), o fato dos lenços terem ganhado as ruas.Quem vai a Europa, principalmente nos países latinos como Espanha, Itália e França, enxerga desde os anos 80 esses lenços nos pescoços dos jovens e não na cabeça exatamente como releu a grife. Primeiro era item básico de todo universitário, estudantes de esquerda e intelectuais, algo que digamos que na Europa tem uma certa representação. E foi artigo dos neo-punks, skatistas e muitas tribos jovens. Nicolas Ghesquière e sua genial styling Marie-Amelié Suavé apenas olharam para as ruas e pegaram um acessório que para o parisiense comum já era um clássico.Enfim, era um objeto criado nas ruas urbanas de algumas cidades da Europa que ganhou as passarelas e voltou pras ruas. E não um objeto das passarelas que ganhou as ruas. E se pensarmos bem, com a coleção de Alexandre para o verão 2009, ele volta pras passarelas novamente.
Ao colocar um ícone político como item fashion podemos pensar que o seu conteúdo foi esvaziado - até porque a atitude de mitificação por parte do mundo fashion e dos que seguem tendências contribuem para esse esvaziamento - mas porém com certeza nessa operação podemos perceber uma mudança. Tirou-se o mofo desse ícone e o revitalizou em outro status sem perder de todo sua característica simbólica a tornando nova. É algo a se pensar o fato de um judeu querer ter um lenço que antes lhe parecia ofensivo.

Um comentário:

Vitor dus Infernus disse...

puxa, valeu pela força!!! obrigadão